Ry Cooder - Paris, Texas

Prezados ouvintes,

Quando ouço esse blues, entro em sinergia com um local que nunca conheci. Uma localidade distante, salpicada de tons avermelhados do pôr do sol, que só é acessível depois de horas de caminhada.
Não há nada lá, a não ser o que os clichés de filmes exibem. Mundo lento, tempo lento. Quando se chega, descobre-se que não valeu a pena a caminhada. Não há nada lá. Só silêncio e os parcos seres que habitam exigem distância de qualquer forasteiro.

O sonho de conhecer um lugar isolado cai literalmente por terra. Não há o extremo do nervosismo urbano nem o mundo bucólico de um cenário gramado. Só o vermelhidão da terra castigando as almas que ali resolveram ficar.

Ao olhar para a direita, uma pequena freguesia, ao olhar para a esquerda, a imensidão do horizonte linear. Para trás o caminho de volta e para frente uma paisagem surreal provoca a curiosidade de seguir em frente.

No fundo, a vontade é de parar (junto com o tempo) e não pensar em mais nada. Esperar que o próximo segundo dite as regras do futuro.

A conclusão: não há mais nada para se ver ou conhecer. O que existe ali resume a existência primitiva e as necessidades primarias dos seres 'cascudos'. O que é supérfluo fica para trás. A partir de agora levarei na mochila só o que é primordial. O que não for, deixarei para trás para não pesar no restante da caminhada.


Até a próxima.

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